quarta-feira, março 03, 2010

"...deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar"

De verdade, de verdade mesmo eu só quero que valha.
Que valha uma canção do Chico César cantarolada um dia inteiro...
Que valha Cássia Eller cantando “Palavras”...
Que valha um poema de Adélia Prado...
Menos não vale.
Menos nem quero.


Pétala por pétala, Chico César
A sua falta me fez ver
O que de mau a vida pode ter
E a sua volta me dá mais
De todo o mel que eu ousaria querer
Sua presença me faz rir
Nos dias feitos pra chover
Nao há revolta pra sentir
Nem há milagre pra não crer
Vinda que finda
A tinta de pintar tristeza
E deixa os mistérios plenos de sentido
A flor da vida toda
Pétala por pétala
Que um tolo pode colher
Sem saber que é amor
Vem e aumenta em mim
O único que sou
E subtrai do que em mim passou
É amor, vem...


Palavras ao Vento
Cássia Eller
Composição: Marisa Monte/ Moraes Moreira
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras, momentos
Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento...



Amor
(Adélia Prado)

A formosura do teu rosto obriga-me
e não ouso em tua presença
ou à tua simples lembrança
recusar-me ao esmero de permanecer contemplável.
Quisera olhar fixamente a tua cara,
como fazem comigo soldados e choferes de ônibus.
Mas não tenho coragem,
olho só tua mão,
a unha polida olho, olho, olho e é quanto basta
pra alimentar fogo, mel e veneno deste amor incansável
que tudo rói e banha e torna apetecível:
caieiras, desembocaduras de desgostos,
idéia de morte, gripe, vestido, sapatos,
aquela tarde de sábado,
esta que morre agora antes da mesa pacífica:
ovos cozidos, tomates,
fome dos ângulos duros de tua cara de estátua.
Recolho tamancos, flauta, molho de flores, resinas, rispidez de teu lábio que
suporto com dor
e mais retábulos, faca, tudo serve e é estilete,
lâmina encostada em teu peito. Fala.
Fala sem orgulho ou medo
que à força de pensar em mim sonhou comigo
e passou um dia esquisito,
o coração em sobressaltos à campainha da porta,
disposto à benignidade, ao ridículo, à doçura. Fala.
Nem é preciso que o amor seja a palavra.
"Penso em você" - me diz e estancarei os féretros,
tão grande é minha paixão.


" " Palavras ao vento Marisa Monte/Morais Moreira

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