quinta-feira, março 04, 2010

"você não sabe, mas é que eu tenho cicatrizes"

20 de abril de 2006
tenho vivido dias de estranhamento, como se visse de fora a minha própria vida, como se a realidade me parecesse uma novela que eu vejo através da tela. Não tenho escrito as minhas cenas, e me sujeito a protagonizar cenas medíocres; a iluminação, o cenário, tudo tosco e fosco, tudo em preto e branco e o roteiro, pobre e óbvio demais.
24 de abril de 2006
ser diferente em meio aos iguais incomoda e acho que estou caindo na vala comum da mágoa comum dos excluídos. Ele me faz parecer comum. Esse sentimento me torna medíocre e não suporto o espelho e não suporto mais gente que me limita, me encurrala, me acusa quando eu quero um pouco mais. Não caibo mais em mim, não sou esse invólucro, não sou esse rótulo que pregaram em mim. Mas também não sei dizer a que vim, não sei mostrar o que sou. Preciso me afastar e não vou... quero olhar de longe a paisagem e corrigir o que está errado. Eu nunca me dou tempo, não sei esperar dias, compro o produto imediatamente e me arrependo. Não sei esperar a primavera, não sei esperar o amadurecimento das frutas, e como sempre verde, a polpa dura, travosa. E se há um remédio, se há um jeito, há de ser saber esperar, preparar as chegadas, arrumar a casa e o jardim, e não sei, não sei, não sei...

" " Falando sério - Mauricio Duboc/ Carlos Colla (canta RC)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

o que disseram