sexta-feira, novembro 26, 2010

"e se quiser saber pra onde eu vou..."

Desde que comecei a preparar a mudança para o novo apartamento, tenho revisitado o passado, tenho revisto aqueles primeiros dias neste apartamento. Tenho revisitado e revisto tudo com outros olhos. Porque sendo a mesma, já não sou aquela, e porque aquilo passou.

Lembro do apartamento quase vazio, me lembro de mim quase vazia, e me olho hoje tão plena de tantas coisas. Apesar de tanta tristeza, este apartamento foi o ninho de onde eu tive que saltar para experimentar vôo solo. E fui caindo e me debatendo, e desajeitadamente acabei conseguindo. Sozinha. Eu não sabia ser sozinha. Agora eu sei. Mas não quero. Não preciso. Não sou. Mas eu sei. A solidão esporádica já não me machuca como naqueles dias. Me lembrei de uma das primeiras noites. Esperei M. dormir e chorei. E parecia que iam me arrancar o coração. Doía fisicamente. E eu tive medo que nunca mais amanhecesse. E amanheceu. Muitas manhãs. E depois eu passei a gostar das tardes, eu passei a gostar de mim.

E agora mesmo, remexendo nas coisas velhas, separo o que vou levar e o que vai ficar.

Não quero mais tantas coisas. Vou levar só o que me serve. Tristeza não me serve mais. Solidão não me serve mais. Desamor não me serve mais. Então, não vou levar isso comigo.

Quero levar a proteção dos abraços que recebi dos amigos verdadeiros, os antigos e os que foram chegando pra ficar. Quero levar os risos desses queridos que encheram a minha vida de alegria e cor, e som. Quero levar a coragem que eu descobri dentro de mim, dentro deste apartamento. Quero levar a força que eu tive de fazer pra me levantar naqueles dias tristes e tão distantes. Quero levar a pessoa que eu me tornei depois de tudo o que passei e que se passou...

Vou levar muitos momentos de paixão também. Pedaços que me tocaram profundamente, mesmo que tenham só superficialmente tocado o outro. Vou levar a memória da casa cheia de pétalas, das comidas preparadas para encantar, do brinde aos novos amores, aos grandes amores. Levo flores, contos, poemas, borboletas. Vou cheia de coisas lindas. E tudo cabe. Porque até pareço pequena, miúda, mas não sou rasa... Tudo me cabe. E eu não peso. Vou leve, assim, como folha cinematográfica...

sábado, novembro 20, 2010

"raro é o encontro"

"Portanto (...) que eu jamais tenha medo de abdicar do conforto das certezas em nome do que eu acho que me fará feliz, ainda que eu saiba que esperam outra coisa de mim.

(...)

Que eu não envelheça antes de estar velha, que eu não desista de viver o que quero, que eu jamais me arrependa de não ter tentado tudo, de todos os jeitos, inclusive os impensáveis, os inconseqüentes, os reprováveis e pouco recomendados. Que eu não me desculpe com a vida, que eu não despiste os meus sonhos, que eu jamais deixe de ter a consciência da efemeridade de tudo e todos.

(...)

Que eu jamais escolha não amar: nem por medo, nem por pena, nem por covardia, nem por absolutamente nada nem ninguém."


Ticcia, no Mme Mean (http://www.ticcia.com/)


Simplesmente Amor


sexta-feira, novembro 19, 2010

"se o seu cheiro ainda está no travesseiro?..."

O impulso primeiro do meu coração não é pulsar, não é bater.
É amar.
Até doer.
Amar de doer.
Amar de sorrir.
Amar de ter vontade de dizer.
E eu disse. Eu digo.
E era Nando Reis.
E pra você eu guardei.
Era a minha canção.
E foi a sua canção.
Foi "do seu lado".
E não tem explicação.
O que eu disse foi: amor.
E pra isso não tem explicação.

Pra você guardei o Amor - Nando e Ana

terça-feira, novembro 16, 2010

"Minha alma canta..."

Foto de Ronny Alves

Fui ao Rio.
E o Rio veio em mim.
O Rio é tão bonito... mas bonito de um tanto,
bonito de a gente ter vontade de nem morrer, ser eterno...
Ficar olhando o céu pra ser mais azul.
É que ás vezes a gente se esquece de achar bonito.
O mundo.
A vida ao redor.
E enfeia os olhos.
E fica triste.
É muito triste ficar triste por não ver belezas por aí.
Tristeza de quem enfeiou os olhos, sabe?
Não quero não.
O que eu olhar, eu quero mesmo olhar achando bonito.
E agora eu nem estou mais falando de paisagens...

segunda-feira, novembro 08, 2010

"outra vez eu tive que fugir, eu tive que correr pra não me entregar"

Eu preciso fugir do desejo de querer nós dois
Eu preciso parar de fingir que não me incomoda o depois.

Aqui - Ana Carolina

quarta-feira, novembro 03, 2010

"me devorando viva ali na mesma hora"

Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.

Caio F

Luka - A aposta


domingo, outubro 31, 2010

Um dia.
Outro dia.
Mais um dia.
Só mais 24 horas.
Um dia de cada vez.
E não, eu não bebo, mas o exercício tem me servido também.

terça-feira, outubro 19, 2010

"Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho"

"Não sou para todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestade. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias." Caio F

Se me pergunto constantemente onde foi mesmo que me perdi, fui aos poucos intuindo a resposta, ou as respostas. Quando mandei convites aos "desnecessários" virem pra festa no meu mundinho, pisaram minha grama, jogaram restos pelo chão, e alguns permaneceram tempo demais até que eu conseguisse oferecer a porta da rua como serventia da casa. Então, faz favor, é por ali, ó!

Meu jardim - Vander Lee

sexta-feira, outubro 15, 2010

"...uma semente de ilusão..."

O que me angustia nessa impossibilidade de colher os frutos
é não ver se cumprir o provérbio. Não é verdade então que quem planta, colhe?
Eu sei, e até você sabe: eu plantei.

sábado, outubro 09, 2010

"tão diferente de mim, tão nem aí pra sonhar"

Olha o que eu encontrei na Caixa Mágica hoje:

"Eu não gosto de abandono, por isso acolho. Por isso recolho e não costuro sorriso porque chorar é preciso. Porque não importa se o desenho é feio. Ou se a ferida é doída. Ou o dedo do meio foi pra mim. Eu contorno e de um jeito ou de outro, sempre tenho uma cor pra mudar a história. E na vida, a gente aprende que quanto mais a nuvem pesa e se enche de cinza, mais forte vem a chuva. Ou o choro. Sorte é ter um coração cheio de pancadas, metido em tempestades e sujeito a trovoadas. Esses sim são corações maduros de forte. Não de vez. Tenho um coração de todas as cores. Que amanhece azul e adormece vermelho ou bege ou rosa ou verde ou roxo ou...qualquer cor serve, porque quanto mais cor no coração, aprenda: MAIS COR-AGEM na vida."

Vanessa Leonardi
(caixamgica.blogspot.com)


quinta-feira, outubro 07, 2010

"um amor assim delicado..."

"(...)
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria

Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa"

Queixa - Caetano

"não tem saudade, nem mágoa, meu amor fala outra língua"

Você perdeu, com Maria Bethânia






terça-feira, outubro 05, 2010

"esteja em casa. Esteja na sala de estar"

...e deixa logo eu entrar.
Prometo não bagunçar a tua casa. Prometo limpar os pés à porta, delicadamente entrar e me sentar no teu sofá, não abrirei tua geladeira de imediato, não abrirei tuas gavetas nos primeiros instantes, esperarei pacientemente o teu “fica à vontade”. Prometo levar flores e enfeitar a tua mesa, a tua casa, a tua vida. Não mexerei nos teus livros, não abrirei tuas panelas. Não te invadirei. Esperarei pacientemente no portão até que me convides a entrar. Olha pela janela, tô aqui, no portão, esperando...


segunda-feira, outubro 04, 2010

"...das coisas que aprendi nos livros..."

Eu te vejo mais fundo do que você me vê, porque eu te invento nesse olhar, porque você se torna o meu invento, porque depois de olhar muito dentro eu prescindo da imagem e o meu olhar repleto se basta, como se eu fosse cego, mas tivesse guardado todas as imagens: um cego vê mais que um homem comum porque não precisa olhar para fora de si, porque o que ele deseja ver está completamente dentro e é inteiramente seu. Caio F

quinta-feira, setembro 30, 2010

"...mas me prendendo tanto"

"Vai passar, tu sabes que vai passar.
Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?
O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez"
Caio F


Por que, enquanto eu sei que é primavera ainda, só desejo mesmo que as borboletas venham me ver de novo...

Seu Olhar Greice Ivy




domingo, setembro 26, 2010

"seu rosto é mais bonito rindo"

Tem que bem me ver
bem te vi
tem que bem me ler
nunca te li


A canção abaixo nada tem a ver com o post e tudo tem a ver com o post. Pode?


Porque Otto

terça-feira, setembro 21, 2010

..." vai chegar...
e se demorar,
I wait for you"

Carlinhos Brown/Marisa Monte

quinta-feira, setembro 16, 2010

"meu medo, meu jeito..."

"o que é o que é??
Clara e salgada,
cabe em um olho e
pesa uma tonelada?

vem pra minha cama, por querer, sem me perguntar
me fez sofrer... e eu que me julguei forte, e eu que me senti,
serei um fraco, quando outras delas vir...


(...) borrou a letra triste do poeta..."

Racionais MC's

Meu jeito - Myllena

quarta-feira, setembro 15, 2010



"...olhos em você, minha solidão"...

Isabella Taviani




domingo, setembro 12, 2010

"é o que me interessa"

"me traz o seu sossego
atrasa o meu relógio
acalma a minha pressa
me dá sua palavra
sussurra em meu ouvido
só o que me interessa"

Lenine


sábado, setembro 11, 2010

Vem.
Vem e me antecipa a Primavera...
É setembro e nós até já temos as borboletas.
Vem porque eu tenho saudade às 4 da tarde de uma quarta-feira,
e te sinto perto em momentos estranhos e sei que não estou doida.
Vem porque sou boba, e "me gusta" muito ser boba assim...
Só vem, do resto eu cuido.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Eu já sabia...






Você é "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain" de Jean Pierre Jeunet. Você é engraçado(a), original. Uma pessoa leve e maravilhosa de se conviver.

Faça você também Que
bom filme é você?
Uma criação deO
Mundo Insano da Abyssinia


terça-feira, setembro 07, 2010

...

"perto de você
me calo,
tudo penso
nada falo,
tenho medo de chorar"

Noel Rosa

domingo, agosto 22, 2010

..."dos fantasmas da minha voz"

Mas isso tudo sou eu,
você, eu não sei...
O que sei é que uma ponte
não é qualquer coisa não,
uma ponte é sempre um modo
de ir de um lugar a outro,
uma ponte é uma passagem,
uma ponte às vezes é fuga,
às vezes é saída, às vezes é a única saída.
Prefiro sempre pensar que uma ponte
não separa, mas une, liga, ata.
O que separa não é a distância,
o que separa é o silêncio.
E eu ainda quero sim parte das suas palavras pra mim.
Por isso, ainda digo, ainda canto, danço e represento!

Pra toda a vida - Frejat e Juliana Paes

quinta-feira, agosto 19, 2010

"guardei sem ter porque"

De vez em quando eu vou te ver,
e quando o dia amanhece
não resta a menor dúvida.
De vez em quando você vem me ver,
e quando o dia amanhece de novo,
de novo não resta a menor dúvida.


sábado, julho 24, 2010

"um amor sem asperezas, para viver os dias todos"

Então MEREÇA!
Mereça meu olhar,
mereça minhas palavras,
mereça minha prosa,
mereça minha poesia,
mereça minha alegria,
mereça meu entusiasmo,
mereça minha memória,
mereça estar na minha estória,
mereça meu perfume
mereça meu ciúme,
mereça meu futuro.
E só então, permaneça.

" " - frase de um texto da Mme. Ticcia

Quando você não está por perto - Barão

sábado, julho 17, 2010

"esquece tudo!"


Será mesmo que "a vida não perdoa quem não sabe amar"?
Será mesmo que não vive melhor aquele que se protege dos arranhões da entrega?
Será mesmo que "fundamental é mesmo o amor" e "é impossível ser feliz sozinho"?
Será mesmo?

Rachel Becker

"só eu sendo eu"

Eu sei
Renato Godá
Eu sei
que o homem-bala voa,
que a trapezista voa,
e o tempo ainda é pior.
Eu sei
que os automóveis correm,
que os trens nos trilhos correm,
e o tempo ainda é pior.
Porém,
posso esquecer das horas,
abusar da demora,
pra ficar com você.
Eu sei
a vida inteira é curta,
passado não tem curva,
e o tempo ainda é pior.
Eu sei
os sonhos envelhecem,
certezas vão embora,
e o tempo ainda é pior.
Porém,
posso esquecer das horas,
abusar da demora,
pra ficar com você.
Por fim,
se o Super-Homem voa,
se a bailarina voa,
e o tempo ainda é pior.
Eu vou
nesse compasso lento,
em meio ao contratempo,
sem pressa de entender.
E sim,
posso esquecer das horas,
abusar da demora,
pra ficar com você.

domingo, julho 04, 2010

"só vejo pistas falsas"

Oh! Meu grande bem
Pudesse eu ver a estrada
Pudesse eu Ter
A rota certa que levasse até
Dentro de ti
Oh! meu grande bem
Só vejo pistas falsas
É sempre assim
Cada picada aberta me tem mais
Fechado em mim

És um luar
Ao mesmo tempo luz e mistério
Como encontrar
A chave desse teu riso sério

Doçura de luz
Amargo a sombra escura
Procuro em vão
Banhar-me em ti
E poder decifrar teu coração

És um luar
Ao mesmo tempo luz e mistério
Como encontrar
A chave desse teu riso sério
O grande mistério, meu bem, doce luz
Abrir as portas desse império teu
E ser feliz

Luz e Mistério com Zizi

segunda-feira, junho 28, 2010

"eu realmente preciso aprender..."

and the moment that you wander far from me
I wanna feel you in my arms again.

É isso mesmo, hoje a musiquinha é How deep is your love"... Deixa, deixa eu, vai...


Queridas

Vejam esse texto.

Porque roda, roda, roda, e eu só quero mesmo é falar ou ouvir falar de amor...

Ana


"O amor que eu sempre quis

porque não se deve perder a esperança

Por Patricia Antoniete, do Mme. Mean

Eu quero mesmo é um amor. Pode ser um amor feinho como o da Adélia, bem simplinho, bem básico, bem sem fru-fru. Não precisa ser lindão, mas também não pode ser jururu, não precisa ser de arrasar, não precisa embalagem fina, salto alto. Pode ser amor pé descalço, despretensioso, que, pra variar, esteja pertinho e, se não estiver, dê jeito de ficar o mais depressa e urgentemente possível. Um amor de beijar, de amassar, aprazível, anti-derrapante que não solte as tiras, não deforme mas que, por favor, tenha cheiros vários. Um amor que não morra de susto, que não se tranque no armário, que não estaqueie, que não amarele, não fique pasmo, não encrenque e pare de funcionar da noite para o dia sem garantia ou assistência técnica. Pode ser sem opcionais, sem adereços, sem rima ou métrica, sem extras e sem bônus de vale-brinde, mas precisa estar em razoável estado de conservação. Muito importante é ser amor pé no chão: chega de platônicos, de fãs, admiradores ou de amor de fantasia. Se você é daqueles que aprecia uma musa inspiradora e epifanias para carregar na lembrança e nos enlevos pro resto da vida, para sonhar, imaginar, recordar e rejubilar-se, vá procurar outra sílfide, outra ninfa, outra pobre coitada compatível com altares, alturas e símbalos sonantes. Eu quero um amor pulsante, para beijar de olhos abertos, para tratar da frieira, para ir ao supermercado, para resolver problema, para brigar por mais espaço na rede, para reclamar que desmarcou a página do livro, para passear na feira. Eu quero mesmo é uma amor bem vivo, daqueles férteis, tarados, famintos mas quietinhos, um amor de mãos dadas, de subentendidos e gargalhadas, café bem forte, beijo no pescoço, almoço de domingo, família peculiar. Eu quero um amor de se entregar que não me deixe esperando, não me pegue chorando de tristeza, que não me faça sofrer. Eu quero um amor sem aspereza, pra viver os dias todos: os muito quentes com gelo e limão, os muitos frios de pijama, chocolate e roupão. Eu quero um amor que faça da gente uma casa um para o outro, que nos torne reciprocamente refúgios contra todo o resto do mundo, um amor pra se abrir, se prescrutar, se invadir e não panicar. Eu quero um amor de surpresas boas, de confiança, de sofreguidão e de calmaria, um amor pra luz do dia e o mesmo amor para as noites vadias, um amor para enfrentar tudo e todos juntos com a certeza de que ainda que não sobrasse nada, sobraríamos nós, um pra ser o amor do outro.

*Patricia Antoniete Ferreira é uma advogada portoalegrense que publicou este texto originalmente em seu blog, o Mme Mean, quando ainda tinha pouca esperança de encontrá-lo e hoje sabe que ele realmente existe."

domingo, junho 27, 2010

"ah, seu cheiro em meu lençol"

Não tem jeito mesmo, sou mesmo como aquele verso daquela canção sertaneja que diz: “quando digo que não quero mais você, é porque te quero”. Piegas, eu sei... Poeticamente pobre, eu sei... Mas nem só de rimas ricas vive uma paixão assim, como essa. Essa paixão, essa brasa ... que quando já quase apagada, espera a menor brisa pra se encher de novo de vermelhidão, quentura e puff... fogo aberto queimando certezas dentro de mim... Não tem jeito, meu camarada, isso é assim e pronto... chego perto, o seu cheiro me invade, o seu cheiro me agride e ganha essa batalha. Mais uma. Eu, indefesa. Eu, com todas essas armas e preparativos pra resistir, tudo ao chão. Eu mesma me jogo, eu mesma te chamo pra outra espécie de luta. Até quando? Será que um dia vou poder dizer meu amor, sem medo, sem olhar para os lados? Será que um dia vais dizer meu amor sem medo, sem olhar para os lados, e olhando pra dentro de si mesmo vais repetir : “meu amor, você é meu amor”! ?

Girassol - Alceu

sábado, junho 19, 2010

Alguém reclamou que tá difícil falar comigo esses dias... tá difícil eu falar comigo esses dias.
Eu, que nem sei nadar, tô mergulhada inteirinha dentro de mim tentando me encontrar, me puxar pelos cabelos, me trazer à tona, me salvar...




Meu Plano - Greice Ivy

sexta-feira, junho 18, 2010

"Cuidar é simplesmente olhar pro mundo que você não vê"

quinta-feira, junho 10, 2010

"eu não entendo como você não consegue perceber"

Nada não, hoje só musiquinha...


Luz Antiga - Nando e Ana

domingo, maio 30, 2010

"Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem
O seu agosto azedo cedo antes que o janeiro
Doce manga venha ser também"

Versos de Refazenda, Gil



E nem preciso me preocupar em explicar, estou cercada de bons entendedores...



sábado, maio 29, 2010

"quem disse que eu não vou saber lidar com a dor?"

Max Viana - Vilarejo

segunda-feira, maio 24, 2010

"queria que você, sem uma palavra, apenas viesse" CL

Pra fazer jus ao teu nome, blog!

Venha, meu bem
Venha me pertencer, venha...
Venha me tomar pra você...
Venha puxar meu cabelo, venha beijar minha boca com aquele beijo mais fundo, mais nosso...
Venha viver comigo estes dias, estas cenas...
Venha...
Neste mês de novembro vamos fazer nosso próprio "Doce Novembro"...?!
Vamos pegar chuva, correr com cachorros, jantar na casa de amigos nada convencionais. E se não chove , se não temos cachorros, se ninguém nos convida, tem problema não, andamos juntos no sol de domingo pela calçada , sentindo o vento, contando estórias engraçadas, dando gargalhadas e está feito. Seremos felizes o domingo inteiro.
Venha porque o que quero é tão simples:
Ver um filme comentando ele todo, achar graça, me emocionar junto, conviver, partilhar, compartilhar, ser um tanto mais feliz... Ninguém está falando de ser pra vida inteira, eu estou mesmo falando de ser inteiro a vida toda...
Venha porque a vida vai passando e vai arrastando essas possibilidades todas com ela e vai deixando tantas impossibilidades que depois vão doer, incomodar como farpas.
Venha porque... ora, porque é assim que quero que seja, ora...
Venha porque fico tão feliz quando estou com você que fico sorrindo, e quando você me pergunta porque estou sorrindo, é disso que eu quero falar, dessa alegria boba e sincera que a sua presença, só, sem precisar de mais nada, me faz sentir... estou sorrindo porque estou aqui, porque você está aqui, e agora, neste momento, a vida é aqui, eu e você, nós, com tudo o que é possível incluir de nosso nesse "nós", estou sorrindo porque sinto você... então venha... Só isso, basta vir e o resto da estória a gente vai escrevendo, construindo, sentindo, acontecendo, vivendo...
Venha porque eu não tenho certeza nenhuma, não tenho certeza de que você virá, não tenho certeza se isso vai passar, só tenho esperanças, vontade e desejo, de que venhas, de que não precise passar, de que seja tão especial e doce quanto é pra mim isso que co-partilhamos, porque sim, pra mim é de verdade especial mas ainda é tão pouco, e tenho esperança, vontade e desejo de que você deixe por um tempo de racionalizar tudo e pra você também se torne pouco e você queira mais e então, venha.
Então, venha.

"dentro de 'Uma aprendizagem ou O Livro dos Prazeres', que é seu e você nem sabe"


Cenas de Doce Novembro

sábado, maio 22, 2010

Eu quero ser leve, levinha
folha cinematográfica
que o vento sopra pela calçada
planando, planando baixo
e só de vez em quando
tocando manso o chão
por isso carrego tanto amor comigo
o amor me balanceia ao contrário
me tira o peso dos dias
me põe vontade de voar

Anita del Pinho

"a gente chora fazendo a noite parecer um dia"

O que é que é?

"faz mais, depois faz acordar chorando
pra fazer e acontecer
verdades e mentiras,
faz crer, faz desacreditar de tudo..."

Chorando e cantando, Fausto Nilo e Geraldo Azevedo



sexta-feira, maio 21, 2010

"a quem procura abrigo, e proteção" Renato Russo

": nenhum amor floresce preso numa casa, sem contemplar, por instantes, a luz de uma tarde.."
Rita Apoena

Deixei os dois pontos no início de propósito. N., eis acima a conclusão poética de tudo o que conversamos ontem. E sim, doeu ouvir (ler) tudo aquilo, mas não por alguma acusação tua, pois isso eu não senti, mas pela constatação mesmo daquilo que já sei e insisto em esconder, sabe aquela estória que R. me disse outro dia que a poesia que eu vejo nas situações pode não estar nas situações, pode ser mesmo reflexo da poesia que está em mim? Então.
Anyway (como diria meu querido Caio F.), é bom saber que a minha dor, que as minhas espécies de dor, minhas espécies de amor não são inéditas, embora eu me julgue sim uma pessoa incomum, que pessoas por aí sofrem e/ou regojizam dos mesmos males e/ou pelos mesmos encantamentos.
Difícil saber porquê. Difícil parar de filosofar. Difícil deixar de ser eu mesma. Não, mas isso não quero... Difícil ser quem sou sem doer. Difícil agir com inteligência e método neste caso, logo eu, que vocês dizem que tenho um raciocínio rápido, não consigo pensar em frases de efeito que digam na hora, no instante antes de por tudo a perder, tudo o que sinto e sou neste caso. E espero que meu modo delicado de enxergar miudezas seja percebido e levado em conta, que meu afeto produza afeto em alguém. Não sei o que fazer dessa inteligência, não sei o fazer dessa fragilidade, não sei o que fazer dessa necessidade. Mas posso me proteger, talvez P. não esteja tão errada assim...
Obrigada por entender a minha essência. Vou abrir uma comunidade no orkut pra você: "Amigos que enxergam os amigos".
Te abraço forte e te beijo (Como Caio F. também)

quinta-feira, maio 20, 2010

Vai, Caio, fala por mim:

...tento fugir para longe e a cada noite, como uma criança temendo pecados, punições de anjos vingadores com espadas flamejantes, prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo, e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença, veneno veneno, às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e embora supondo conhecer as regras, me deixo tomar inteiro por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro, a aceitá-los como um cão faminto aceita um osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando entre as palavras e os pratos vazios, torno sempre a voltar, talvez penalizado do teu olho que não se debruça sobre nenhum outro assim como sobre o meu, temendo a faca, a pedra, o gume das tuas histórias

...

mas tudo isso é inútil e bem sei de como tenho tentado me alimentar dessa casca suja que chamamos com fome e pena de pequenas-esperanças, enquanto definho feito um animal alimentado apenas com água, uma água rala e pouca...

Caio F. em À beira do mar aberto

domingo, maio 16, 2010

entre o sonho e o real

Lendo Caio F hoje, me emocionei muitíssimo como sempre mas hoje, especialmente, com esse conto. Por isso deixo um trecho, e é pra alguém que agora sabe o que desperta em mim. Eu não chamo de amor, eu não chamo de paixão, eu não chamo de atração... Eu não quero nomear o que sinto, é tão bonito, por que tenho que encaixar numa definição já pré-estabelecida, já dicionarizada? E se for pra nomear, prefiro chamar de encantamento. Então, tá, é encantamento o que tenho, é de encantamento que sofro... Estou encantada, eu sou encantada e ficarei assim.

Veio num sonho, certa noite. Ela o amava. Ele a amava também. E ainda que essa coisa, o amor, fosse complicada demais para compreender e detalhar nas maneiras tortuosas como acontece, naquele momento em que acontecia dentro do sonho, era simples. Boa, fácil, assim era. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo.

Dormiam juntos, no sonho, porque era bom para um e para outro estarem assim juntos, naquele outro espaço. Não vinha nada de fora, nem ninguém. Deitada nua no ombro também nu dele, não havia fatos. Dormiam juntos, apenas. Isso era limpo e nítido no sonho que ela sonhou aquela noite.

Deitada no ombro dele, ela via seu rosto muito próximo. Esse era o sonho, nada mais. E isso, mais tarde saberia, era o único fato do sonho inteiro: via o rosto dele muito próximo. Como um astronauta prestes a desembarcar veria a face da lua, mal reconhecendo o Mar da Serenidade perdido em poeira cinza, assim ela o via naquela proximidade excessiva, quase inumana de tão próxima. Fechasse os olhos — mas não os fecharia, pois já estava dormindo — guardaria contra as pálpebras cerradas um por um dos traços dele. Crateras miúdas com negros fios de barba despontando duros de dentro delas, molhadas gretas polpudas além das quais brilhava o branco duro dos dentes.

Coisas assim, ela via. E de olhos abertos, embora fechados, pois sonhava, protegia o, protegiam-se no meio da noite. Tão simples, tão claro.
(...)
Talvez ele tivesse passado um dos braços em torno da cintura dela, quem sabe ela houvesse deitado uma das mãos sobre o ombro dele, erguendo os dedos até que tocassem no lóbulo de sua orelha. Em todos os dias que se seguiram à noite daquele sonho, e foram muitos, honestamente não saberia localizar outros detalhes. Pois enquanto dormia, naquela noite, tudo era só e apenasmente isso: dormiam juntos.

No centro da noite, no meio do sonho, no outro espaço.
Trecho de Onírico, conto de Caio Fernando Abreu

sábado, maio 15, 2010

"...fica perfeito contigo"


Está em mim

seu rosto, gesto, gosto
do princípio, meio e fim,
blue moon
claro que você está em mim
Blue moon para sempre - Guilherme Arantes

Et quand tu es tellement près de moi,
C'est comme si ce plafond-là,
Il n'existait plus, je vois le ciel penché sur nous...
Le ciel dans une chambre - Carla Bruni

Porque quero hoje misturar tudo:
Eu e você,
Guilherme Arantes e Carla Bruni,
as loucas horas e a lua azul,
o sol queimando a nossa face e um quarto que parece não ter teto e o céu estar aqui sobre nós, quero tudo muito junto e misturado, como você sabe bem que eu gosto.





sexta-feira, maio 14, 2010

"A literatura não me interessa tanto quanto o seu nome"
Fabrício Corsaletti, Seu nome


Seu nome - Luíza Possi

terça-feira, maio 11, 2010

A. me disse hoje e eu achei muita graça e vou dizer também: "o que é meu, é meu, o que é seu, é seu, agora, o que é nosso, é NOSSO". Ela falava de dinheiro público e pessoas ocupando cargos públicos... Eu, estou falando disso não, é de outra coisa...

Thierry Cham - Ocean

sábado, maio 08, 2010

"Isso não substitui a fala. Isso não substitui nada".

" " - Andre Comte-Spoville

Meu discurso não me serve hoje, engoli todas as minhas palavras. Então, Caio, diga por mim...

E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Caio F

sexta-feira, maio 07, 2010

"esperando um sim ou nunca mais..."

"meus melhores beijos serão seus"

Amado - Vanessa Amado

quarta-feira, maio 05, 2010

"anotar as datas, ter um diário"

"te buscar no aeroporto
você deixar cair as malas
pra abraçar o meu corpo
te beijar enquanto fala"

Helena Elis

O coração, coitado, ainda acredita em tudo isso...
Um rascunho - Helena Elis
"...porque os sensíveis, por mais que chorem de vez em quando, não deixam adormecer a ideia de um mundo que possa acordar sorrindo. Pra toda gente. Pra todo ser. Pra toda vida.

Eu até já tentei ser diferente, por medo de doer, mas não tem jeito: só consigo ser igual a mim"

Ana Jácomo, do "cheiro de flor quando ri"

sexta-feira, abril 30, 2010

"las ganas tuyas, las ganas mías"

"" Mundo Abisal - Jorge Drexler


A musiquinha de hoje é muy especial.
Paty me deu o CD e ela sabe que já entrei neste "mundo abissal", que já me aventurei até as profundidades incertas, que já fui verticalmente à deriva...



quinta-feira, abril 29, 2010

"y poco a poco olvidar el tiempo y su velocidad"

Adiantando que ia dizer algo muito duro, muito delicadamente R. me disse hoje que a poesia que eu vejo nos momentos e nas pessoas está em mim e não necessariamente nos momentos e nas pessoas, e me levou pra jantar e ela não sabe como isso me aqueceu o coração.
Por isso é para ela a musiquinha de hoje, que ela diz parecer comigo e que é umas das minhas favoritas desde antes.

quarta-feira, abril 28, 2010

"quando me sinto em perigo"

É que hoje EU ESTOU DOENDO!



terça-feira, abril 27, 2010

"no voy a llorar"...

porque no supiste entender a mi corazón?


domingo, abril 25, 2010

"te falo mil razões que me invadem"

" " Mundo Inteiro - Roberta Campos

De certa forma, todos são, mas esse eu declaro: é pra você!

Você sabe, eu sofro muito com todas as coisas que não entendo, mas sofro ainda mais com as coisas que eu entendo, e que ainda assim gostaria que fosse de outro modo. E embora não pareça, eu te juro, eu entendo sim... Mas eu entendo não 'essa' impossibilidade, eu entendo a 'tua' impossibilidade. A questão aqui é que eu sempre acredito que posso mudar o mundo e nessa luta é que eu vivo a minha vida inteira. Eu não sei ser diferente. E acho que nem quero. Não quero me conformar jamais. Quando me vir aceitando tranquilamente, saiba que estarei um pouco morta, ou estará um pouco morto o que sinto. E não quero ver certos sentimentos morrerem dentro de mim. Não quero ver morrer jamais a convicção de que é possível essa felicidade de que tanto falo, com tantas cores, essas mesmas cores com as quais você diz enxergar o mundo quando me ouve falar, com tanta paixão, com tanta poesia...

"e aí, quais são seus planos?"

" " Dois - Tiê

"E mesmo assim queria te perguntar
se você tem aí contigo
alguma coisa pra me dar"




"...quando você me olhar"

"" De janeiro a janeiro - Roberta Campos

A pedidos, esta canção... que se tornou especial pra mim também porque acredito também que o universo pode conspirar a favor, e que a consequência do destino é o amor e porque acho muito "bonitinho" pessoas que não têm medo de colocar em palavras o que sentem, que não têm medo das palavras e não têm medo de sentir...


sábado, abril 24, 2010

Me equivoquei, era Paraguassu e não Lindóia, era Caramuru e não o Uraguai... mas o trecho é esse e sempre me comove (ok, eu conheço toda a ideologia por trás dessa conversão, mas eu, quando leio pelo prazer do texto, me comovo).

XC

"Esposo (a bela diz), teu nome ignoro;

Mas não teu coração, que no meu peito,

Desde o momento em que te vi, que o adoro.

Não sei se era amor já, se era respeito,

Mas sei do que então vi, do que hoje exploro,

Que de dois corações um só foi feito.

Quero o batismo teu, quero a tua Igreja,

Meu povo seja o teu, teu Deus meu seja."


Vamos falar de impossibilidades quantas vezes ainda?!

sexta-feira, abril 23, 2010

"Lutar em segredo, fechado no quarto, sem que ninguém saiba.
Para os outros, mostrar só o melhor de si, a face mais luminosa."
Caio F

quinta-feira, abril 22, 2010

"na alma o querer de um mundo tão pequeno"

" " Adélia Prado, em Bagagem, no meu, à página 21


Ela acredita em rede pra dois, ela acredita em namoradeira no jardim ou nos fundos da casa, embaixo da mangueira...
Ela acredita em discutir tranquilamente a criação de filhos, a criação de cachorros, a criação de peixinhos coloridos.
Ela acredita imensamente em planos para envelhecer juntos, acredita em almoços de domingo com muita gente e muita alegria, acredita piamente nos preparativos pra viagem de férias, nos doces preparativos pro natal, nos esperançosos preparativos para o ano novo, acredita muito em dois vendo a queima de fogos e pulando ondas em Copacabana.
Ela acredita em flores entregues no trabalho depois de uma noite de entrega ou de um dia difícil... Acredita muito em flores... Acredita em cartas... Acredita em bilhetes delicados, e também nos sacanas...
Ela acredita em alimentar o outro, com cozidos, grelhados, assados e afetos...
Ela acredita em sorrisos no meio do dia só por se lembrar de um detalhe bobo do jeito de ser do outro.
Ela acredita nos corações disparados ao primeiro “putz, eu acho que tô apaixonado”
Ela acredita nos olhos úmidos ao primeiro “será que não percebeu que eu te amo”?
Ela acredita em banho de chuva. Muito.
Ela acredita em cantar o dia inteiro três ou quatro versos que nos tocam...
Ela acredita sim que as pessoas não são todas iguais...
E ela acredita sim que deve haver alguém que acredite também... Acredite e queira em qualquer altura da vida coisas simples, coisas doces, coisas felizes.
Mas qual é a novidade? Ela SEMPRE acreditou!


"E eu acredito num claro futuro"

O que está fora
De seu lugar
que você venha pra modificar




" " Tá combinado - Peninha

"eu não duvido, já escuto teus sinais"

A velha sensação de que algo está mesmo por acontecer. Mas hoje pensei: é sensação ou é vontade? espera? sonho? Algo mágico e ao mesmo tempo real vai bater à porta da minha vida, da minha estória amanhã, mesmo que amanhã seja uma segunda-feira?
Há dias em que acordo e sinto o peso de tudo o que carrego: as frustações, os fracassos, as decepções, as dúvidas e os anseios. E carrego também sonhos, vontades. Faço planos. Traço metas. Mas não consigo deixar nunca essa sensação, esse "bom agouro"de que o melhor ainda está por vir, vai chegar, está esperando na esquina que eu me distraia, me esperando me aprontar, merecer, esperando enfim que eu tenha cuidado do meu jardim, tenha arrancado as ervas daninhas que tanto mal me têm feito.
O que quer que seja, eu peço: venha!

" " Anunciação - Alceu Valença

quarta-feira, abril 21, 2010

Clarice me disse



E eu, apesar de não parecer, tenho candura dentro de mim. Escondo-a porque ela foi ferida. Peço a Deus que a sua candura nunca seja ferida e que se mantenha sempre.

Clarice. No meu "A Descoberta do Mundo" está na página 76.

Cada D. Quixote que brigue com seus próprios moinhos!

Eu acredito nas besteiras que eu leio no jornal
Eu acredito no meu lado português sentimental
Eu acredito em paixão e moinhos lindos,
Mas a minha vida sempre brinca comigo,
De porre em porre vai me desmentindo

Medieval - Cazuza

Sujeito X Sujeita parte 84, parte nenhuma

Sujeito diz: ... sempre acaba magoando alguém mesmo.
Sujeita diz: não estou magoada, eu procurei isso...

Conversa maluca essa de "não estou magoada".... A Sujeita está magoada sim... qual é o problema em ficar magoada? Vão dizer o que? "não aguenta bebe leite", "não sabe brincar não desce pro play", "pede pra sair"?
Fica magoada, fica magoada quantas vezes ela quiser.... Vão dizer que é mulherzinha? É mulherzinha mesmo.... Que é de vidro, pode quebrar? Ah, p*t*a qu** p*r**!!!!!
Fica magoada pelas coisas todas que a gente vai deixando de viver pela vida, pelas horas desbeijadas, pelo encontros com o choro debaixo do chuveiro pra ninguém saber que uma estorinha boba mexia tanto com ela... Pelas vezes que não pode ter abraço quente em noite fria, corpo molhado em noite seca, pelas aranhas fazendo teia em seu afeto...
Ela nem queria que fosse pra sempre, ela só queria que fosse.

terça-feira, abril 20, 2010

Clarice me disse

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida.
Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve . A hora da estrela

segunda-feira, abril 19, 2010

"palavras pequenas, palavras, momentos"

Não vou mais ter medo delas, as palavras.
Não vou mais ter medo deles, os momentos.
Não vou mais colocar pedras sobre esses assuntos.
Uma palavra não é uma sentença, gente. Minha palavra é só a comunicação do que me vai por dentro, e não tem que pesar.... e não pesa.
E pode mudar amanhã, o que me vai por dentro pode mudar amanhã, pode mudar daqui a um minuto.
E quando mudar, eu digo outras palavras, então...
A única regra é que combinem o mais que puderem com o que está dentro...

" " Palavras ao vento - Marisa Monte/Moraes Moreira

"Que intimidade existe maior que a do sonho?"

"No fundo da alma há solidão.

E um frio que suplica um aconchego".

Vanessa da Mata


Em noites de insônia ela se agiganta e me sacode do sonho, me arranca do sono, me levanta da cama, me faz andar pela casa, olhar pela janela. Ela me faz chorar...

...

Demora a chegar não... Demora não, que não tenho o mapa, estou com sede e vai escurecer. Traga roteiros, água e luz. Se possível alguma estória bonita pra me contar enquanto andar comigo. Demora não, que estou perdida, com medo e quase já sem esperanças de encontrar a trilha outra vez. Preciso de tua mão pra segurar e teus passos firmes pra me ajudar a seguir. De vez em quando penso que é você que está chegando... Chego a ouvir seus passos, seus risos... mas logo passa e não ouço mais nada... é só silêncio que há aqui... Me engano, são ecos dentro de mim.... São vontades dentro de mim, eu acho...
Meus pés estão em bolhas, tendo andado tanto e sozinha... meus olhos quase se acostumaram a ver só essa poeira de deserto, e esse vento já não me refresca. E o silêncio é tamanho que me sufoca. E o sol não esquenta, e a chuva não molha, e as estações não avançam, a primavera nunca que chega, com suas flores, suas cores, seus perfumes... Ainda falta muito? Quanto falta pra chegar? Demora não, vem logo... está escurecendo....


" " - João Cabral de Melo Neto

passado presente

2005, 21 de dezembro e hoje
Uma grande esperança toma conta de mim, algumas vezes, alguns dias. Noutros, uma certeza enorme de que nada vai se modificar oprime meu peito. Prefiro a esperança, escolho a esperança, escolho o susto, prefiro o alento. Fujo sempre da constatação, das certezas, do que todo o resto preza. Sempre fico do lado do mais fraco, não raro do mais errado. Tenho predileção por causas perdidas (que sempre considero apenas difíceis), por caminhos perdidos, por pessoas perdidas. Sou a avesso da coerência que tanto prego, batendo no peito.
Então, espero.

domingo, abril 18, 2010

"olhando pra mim olhar inteiro"

É só pra que o dia continue assim: leve....



"" Mundo Inteiro - Roberta Campos

quinta-feira, abril 15, 2010

Pra você, que parece querer me ensinar a "acenar e sorrir" feito miss...


Eu gosto que mexam no meu cabelo.

De gente que me alegra, de dormir de conchinha.

Gosto de farofa de queijo com açúcar.

E banana-maçã com farinha.

Gosto de massagem no pé.

Gosto de piada, até as mal contadas.

Gosto de novela. Problema meu, eu gosto e pronto.

Gosto de rir. Mas aí gosto é muito.

Gosto de ouvir música na rede... nas duas, a que balança e aquela em que navegamos...

Gosto de acordar na madrugada, tendo dormido de conchinha, fazer amor de manhã, tendo na noite anterior, dormido de conchinha.

Gosto de acampar, gosto de barraca, gosto de cachoeira.

Gosto de edredom também. Gosto de cama quentinha também.

Gosto quando compram iogurte pra gente, quando se despedem da gente com carta.

Gosto quando não precisam de mim e ainda assim me querem perto.

Gosto de sabonete de maracujá.

Gosto de mousse de maracujá.

Gosto de maracujá.

Gosto de caixas.

Gosto que amigos digam eu te amo. E gosto mais quando a amada sou eu.

Gosto de dizer eu te amo. Gosto de ter amigos que eu amo.

Gosto de gente que acredita nas coisas que ninguém mais acredita, amor, felicidade, lealdade, leveza. É, gosto demais desse tipo de gente.

E gosto de dizer o que penso. Gosto que tenham respeito pelo que eu penso.

Gosto de Machado, e Clarice, e Adélia e Hilda, e Guimarães e gosto também de Roberto, e Chico (os três), e Nando,e Isabella, e Zélia. E, putz, tô gostando até de Paula, e não, não é a Toller...

E quando eu gosto, eu gosto!

não é nada não, sou só eu sendo eu....

13/04/2010

Hoje é pessoal. E, infelizmente pra mim, pessoal e intransferível...

Então, é assim: o varal da cortina do meu quarto soltou da parede, a luz da geladeira queimou, o chuveiro ta pingando, e a máquina de lavar me disse ontem com seus gemidos esquizofrênicos que sim, ela vai queimar ainda este mês... minha mãe trocará a bateria do marcapasso em breve, mas muito breve mesmo, meu pai não anda lá muito bem e eu ando com mais medo do fim do mês do que do fim do mundo... estou cansada, meus olhos estão cansados, meus braços estão cansados, estou chateada, desesperançada, p*t* da vida com uns e outros por aí, com olheiras, nó na garganta, carente, culpada, mas Adélia disse que a vida não para pra gente descansar, Cazuza disse que o tempo não para, não para não, não para, Gonzaguinha falou que é a vida, é bonita, e é bonita... sendo assim, o jeito é caminhar...

segunda-feira, abril 12, 2010

"O consolo dos meus ombros/Se as lágrimas molharem o seu rosto"

Já disse que essa estória de borboletas voando no estômago é mesmo só pra quem tem muito azul por dentro...

" " - Nando Reis

sábado, abril 10, 2010

"ouvi dizer que são milagres..."

Eu quero sim, ser Amelie Poulain... e ter um fabuloso destino!




" " Noites com sol - Flávio Venturini

sexta-feira, abril 09, 2010

"eu quero ficar perto de tudo que acho certo"


Existem as pessoas que nos ferem ao nos chamar pra perto, pela falta de tato, pela falta de delicadeza, por não entenderem a essência de que somos feitos, e por vezes, deliberadamente, violentarem a essência de que somos feitos, pessoas que tratam os nossos afetos como coisa banal....

Não quero mais estar dentro sequer do maior dos círculos irradiados por pessoas assim, porque mesmo longe do centro irradiador ainda há muita dor.

"" Coisas que eu sei - Danni Carlos

segunda-feira, abril 05, 2010

"então, que seja doce."

Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Caio F.

domingo, abril 04, 2010

"onde a brasa mora e devora o breu"

"Alguém
Procuro alguém que tenha olhos que me olhem fundo.
Alguém que tenha pensamentos comigo. E palavras comigo também.
Procuro alguém que segure muito a minha mão. No cinema, no caminho.
Alguém que adore fazer carinho nas costas e que goste de colo.
Procuro alguém com quem eu converse até amanhecer o dia.
Alguém que durma ao meu lado sorrindo, sem hora.
Procuro alguém que cante alto, ria, pule e brinque igual criança.
Alguém que grite de alegria à toa, só por estarmos lá.
Procuro alguém que almoce comigo em família. E que participe.
Alguém para quem eu leve o jantar, as flores, os detalhes.
Procuro alguém que tenha o que dizer nas conversas ao redor da mesa.
Alguém que dê risada das piadas e que conte outras.
Procuro alguém que tenha detalhes nossos como tesouros.
Alguém que queira ir aos novos lugares, que corra riscos.
Procure alguém que goste de teatro, e de cinema, e de carinho.
Alguém que ame coisas pequenas. Alguém que tenha Deus.
Procuro alguém que me traga de volta as vontades.
Alguém que me provoque, me motive, me acompanhe.
Procuro alguém que queira abraço no frio e carnaval no calor.
Alguém que vá comigo. Alguém que me leve para onde quiser ir.
Procuro alguém que saiba receber e que dê sem cobranças bobas.
Alguém que saiba que não precisa cobrar. Porque há amor.
Procuro alguém que tenha segurança mas que precise de mim também.
Procuro alguém que me telefone no fim do dia e me conte como foi.
Alguém que escute com graça o que eu tenha pra contar.
Procuro alguém que imagine coisas boas, que compartilhe idéias e histórias.
Alguém que não ache nada bobo demais. E que ache tudo bobo e divertido!
Procuro alguém que seja simples, mas com ousadia e ar condicionado no verão.
Alguém que coma pastel na feira - de queijo, de carne, de palmito e de camarão.
Procuro alguém que ache gostoso ir ao supermercado comigo.
Alguém que se arrisque na cozinha e que me ensine a não usar tanto sal.
Alguém que compartilhe meu fascínio por Clarice. E que também a ame.
Procuro alguém que finja não ter para de repente ter o susto de ter!
Alguém que leia, que procure, que insista, que questione, que responda.
Procuro alguém com força e com delicadeza.
Procuro alguém com saudade.
Procuro alguém com silêncio e com discursos.
Procuro alguém com tempo.
Procuro alguém sem tempo.
Procuro alguém.
Ou só espero.
Alguém existe.
Quantos alguéns existem?"


“ “ – Esse texto não é meu, é da menina no espelho. Eu li a primeira vez em abril de 2003, e agora que ela postou outra vez, pedi permissão a ela pra colocar aqui... e pedi porque, como disse a ela, ela escreveu mas também é meu, a procura é minha também, a espera também é minha... Eu procuro? Ou só espero? Obrigada, Menina.

" " - O seu olhar - Paulo Tatit/Arnaldo Antunes

quarta-feira, março 31, 2010

"quero só te mostrar pequenas coisas, todas vivas".

Mesmo com chuva eu vou, mesmo na chuva, eu vôo... Sim, eu vim aqui pra te convencer que o amor pode ser tranqüilo e bom...que se a gente fechar bem os olhos é capaz de a gente até ouvir o som...eu vim aqui pra te chamar pra ir lá pra casa, sentar e me esperar, vim aqui pra dizer que a vida às vezes é bem chatinha, mas "peraí" ainda tem tanta coisa boa pra rolar, e se a gente quiser, não pode ser? tudo o que a gente quiser, não é que pode ser? E você, quer o quê? E você o que quer? Eu já sei o que quero e vim pra dizer :Quero nuvem, janela, viagem, cachorro, quintal, coragem, quero muito medo do avião pra pegar na sua mão e sorvete, domingo, piscina, sol e sal, mas sal quero pouco que muito faz mal, música do Djavan e cinema, pipoca, beijo, beijo quero muito, quero o pôr- do - sol, quero depois o lençol, quero sustos, quero sorrisos, almoço, família, churrasco, aniversários, amigos, quero muito Fla X Flu, quero ver a vida em azul, quero vontade, quero até a vaidade, quero querer acordar alguns dias juntos, eu quero ser dois, quero também ser uma melhor...Então pra que me perder? Não me perca, não...Não se perca, então...Não me fira, meu bem, que não sei ferir ninguém...Minha asa, não machuca em vão, porque quero voar de novo, de novo andar longe do chão...Quero sempre céu limpo agora... Mas quando chover quero andar bem devagar que é pra dar tempo de molhar. E se molhar, molhou... Não é pra isso também o amor? Pra quando chover, pra quando fizer frio, pra quando você aprender a se molhar, pra quando chover, pra quando esfriar...Pra quando você aprender a chorar...

terça-feira, março 30, 2010

"saber-se pertecente é ter mais nada. / É ter tudo também."

Paraguaçu: - Manga! (mostrando a fruta)

Diogo: Manga! (mostrando a manga da camisa)

Paraguaçu: Fiapo! Fiapo de manga! (mostrando o fiapo da manga)

Diogo: Fiapo, fiapo de manga! (mostrando o fio tirado do tecido da manga da camisa)

Paraguaçu: ê língua enrolada!... É tudo sempre assim, é? uma palavra só tem serventia pra um 'monte' de coisa?

Diogo: Às vezes, dá-se o contrário.... existe uma infinidade de palavras para explicar o amor, por exemplo...

...'e amor, é bicho ou planta? Mostra onde tem?' ' Tem aqui, ó!'

Diálogo entre Paraguaçu e Diogo, o Caramuru, no filme Caramuru, a invenção do Brasil

" " Hilda Hilst - Cantares do sem nome e de partidas


domingo, março 28, 2010

"pétala por pétala que um tolo pode colher"

Deixa eu te explicar, porque me parece que você ainda não percebeu como essas coisas funcionam...

É assim ó: você recebe e você entrega também. Não, não é preciso dar muito de uma vez, nem tudo o que se tem, mas sendo uma troca, (talvez eu tenha esquecido de dizer, mas digo então, é uma troca) então sim, necessariamente alguma coisa tem que ser doada, entregue, e não exigida de volta, porque assim seria um empréstimo, e já disse, e repito, é troca... Mas não se preocupe, tendo o que entregar, não é difícil não... nem dói, e você não sentirá falta daquilo que entregou, pois essas coisas que se entrega nasceram pra isso, de verdade, de verdade mesmo não são nossas, estão assim dentro da gente e aí nasceram só pra que a gente pudesse doar...
Mas se você não tem nada pra dar... ah, que pena... eu sinto tanto, vai ficar fora da brincadeira...

Então vamos ver, quem aí quer brincar de VIDA?

" " Pétala por pétala - Chico César

sábado, março 27, 2010

"...por causa da distância, da separação, de um espaço que as falas não podem transpor."



Nando compôs, mas agora é meu, sou eu que estou dizendo:

Baby, eu só queria te dar a mão







Baby, eu queria - Nando Reis


André Comte-Sponville
frase do texto escrito para o catálogo oficial da exposição “Plis d’excellence”,
Museu do Correio, Paris, 1994

sexta-feira, março 26, 2010

"e o sabor no silêncio da respiração, baby eu queria..."

Uma pergunta tem sido recorrente nestes últimos dias. Três grandes amigas, em momentos e ambientes e contextos diferentes me questionam a mesma coisa: Por quê? Por que nos apaixonamos, porque amamos pessoa A e não nos apaixonamos, amamos pessoa B, ou pessoa C? Eu poderia dizer o que? Que no meu caso é fácil: pessoa A é encantadora, divertida, leve, doce, aberta, espontânea, ri alto das minhas piadas, sonha os meus sonhos, torce por ver todos os meus planos realizados, entende o que eu digo, entende o que eu não digo, me dá colo quando quero, pede colo quando precisa... Eu poderia dizer tudo isso mas, seria inverdade... Pessoa A não tem todas essas qualidades, tem outras, não essas; pessoa A não tem essas atitudes, tem outras que eventualmente me pareceram ser de demonstração de afeto, mas não exatamente essas citadas... Pessoa A se basta de tal maneira que chega a dar raiva imaginar que todos os seus dias possam ser perfeitos sem meu toque, sem minha intervenção...
Por que então? Me perguntam e eu tenho me perguntado há dias... Se de início faz-se sempre aquele discurso de que é melhor sentir, se jogar, se permitir, do que não viver uma paixão, do que não saber como cores podem ser tão mais coradas, como canções podem ser tão mais tocantes, agora que já me joguei (e o cimento já não estava fresco!), já me permiti, e nada me foi permitido, agora, passado o floreio, passada toda aquela alegria tosca que a paixão nos dá, não consigo mais entender por que.
Por quê? Vaidade? Orgulho ferido? Birra infantil minha de não ter o brinquedo que eu quero, quando eu quero, pra brincar como eu quero? Eu não sei responder. Eu não sei o que dizer. Eu sequer consigo explicar como, de repente, esses cheiros todos voltam ao meu olfato no meio de um dia normal, com uma impressionante sensação de realidade, se eu não abro os olhos, posso jurar que pessoa A está ali, na minha frente, com seu riso muito branco aberto pra mim, pra rir não das minhas piadas, mas da minha poesia boba diante dos riscos da vida contrapondo-se a toda a sua auto declarada madureza e equilíbrio, se eu não abro os olhos, pessoa A é real demais, mas exatamente como no meu sonho. Não quero mais abrir os olhos... O mundo de pessoa A, além das minhas pálpebras fechadas, não faz mais intersecção com o meu mundo, e me pergunto mesmo se algum dia fez... Se eu inventei toda a emoção sentida e transmitida com todos os 12 sentidos que eu tenho quando perto de pessoa A? Se não foram reais todos os olhares emocionados e emocionantes trocados, mudamente? Se um pedacinho dessa estória não fica assim, latejando como um dedo machucado, em algum pedacinho dentro de pessoa A? Por que não tudo isso com pessoa B ou pessoa C?
Quem explica? Como se explica? Alguém me explica? Ah, sim, a questão inicial era pra mim, eu é que tenho que achar respostas? Não dou conta... Hoje não, talvez daqui a alguns dias, algumas semanas, alguns meses, talvez sim daqui a algum tempo, quando esse cheiro da respiração de pessoa A parar de me perseguir, me atormentar, me assustar, me assombrar. Hoje, não respondo. Hoje, não.

" " Baby, eu queria - Nando Reis

quarta-feira, março 24, 2010

" Raízes, veneno, meus sonhos pequenos"

Se você falasse...

O que me diria?

Se você falasse

Diria que meu olho te agrada?

Que acredita em fada?

Ou acredita em nada?

Se você falasse

Me chamaria pelo nome?

Ou de meu bem?

Diria que meu suor é sal,

Diria que o meu beijo é bom?

Que a minha pele é quente?

Diria o que sente?

Se você falasse

Diria que sonhou comigo?

E que a partir de agora,

Sua vida vai girar ao redor do meu umbigo?

Se você falasse

Diria o que do meu ciúme?

E da minha paixão, o que diria?

Das minhas piadas, riria?

Se você falasse

Diria todos os seus medos?

E seus segredos, me contaria?

Se você falasse...

Eu ouviria

Se você ousasse...

Eu até ia...


" " Cicatriz - Nô Stopa/ Marcelo Bucoff

terça-feira, março 23, 2010

"Abre aspas e me leva nos meus versos que são seus"

“Que intimidade existe maior que a do sonho? A desse sonho que ainda trago em mim como um objeto que me pesasse no bolso? Ainda me parece sentir o mar do sonho que inundou meu quarto. Ainda sinto a onda chegando à minha cama. Ainda me volta o espanto de despertar entre móveis e paredes que eu não compreendia pudessem estar enxutos. E sem nenhum sinal dessa água que o sol secou, mas de cujo contacto ainda me sinto friorento e meio úmido (penso agora que seria mais justo, do mar do sonho, dizer que o sol o afugentou, porque os sonhos são como as aves, não apenas porque crescem e vivem no ar).
...
O sonho volta, me envolve novamente. A onda torna a bater em minha cadeira, ameaça chegar até a mesa. Penso que, no meio de toda essa gente de terra, gente que parece ter criado raízes, como um lavrador ou uma colina, sou o único a escutar esse mar.”

Trecho da fala de Raimundo em Os três mal-amados, de João Cabral de Melo Neto

" " Abre aspas - Nô Stopa

domingo, março 21, 2010

"soledad, aqui están mis credenciales"

Impossibilidade. Engano. Banalidade.
Desvontade. Mágoa. Insensibilidade. Confusão.
Merecimento. Inacessibilidade. Sedução.
Despertencimento. Indecisão. Impotência.
Necessidade. Pretensão. Afogamento. Calor. Palpitação.
Obscuridade. Clareza. Convicção.
Incerteza. Devaneio. Ilusão.
Blindagem. Afastamento. Intuição.
Cabimento. Exclusão. Iminência.
Saudade.
Susto.
Medo
Solidão.
Ê coração bobo, cheio de tanta palavra besta...



" " Soledad - Jorge Drexler

sábado, março 20, 2010

"é inútil pois existe um grão-vizir"

Crueldade: s.f. Prazer que se experimenta em fazer sofrer ou ver sofrer

Senhores, agora é oficial: eu sei o que é crueldade.
Sim, senhores, eu tinha dúvidas. Sim, senhores, eu tinha esperanças.
Sim, os senhores sabem que sou uma mulher de esperanças vãs.
Sim, senhores, existe sim uma palavra ou um gesto que salva. Sim, senhores, eu espero, até o último momento, esta palavra ou este gesto.
Sim, senhores, eu escuto vozes, eu vejo coisas.
Sim, senhores, eu preciso largar mão de ser conivente com a crueldade alheia. Sim, senhores, está doendo. Sim, senhores, eu sabia. Mas, saber não muda mais nada, senhores.
" " Chão de giz - Zé Ramalho

quarta-feira, março 17, 2010

"qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura"


(...)
me perco
e estranho
essa presença em mim
que insiste em não morrer


Hilda Hilst


" e a esfinge da espera
olhos de pedra sem pena de mim"

Herbert Viana


" " - Guimarães Rosa


"era loucura, como é louco tudo o que eu fiz"



é casca...
ferida... é isso só...
cutuca não,
cutuca não que sangra

" " Fado Doido - Oswaldo Montenegro

sábado, março 13, 2010

" e se pensar, a gente já queria tudo isso desde o início"


Sobre isso, eu já sei que:

- é preciso ter calma
- é importante lembrar das feridas que se tem
- é preciso regar o amor próprio
- é preciso ter cuidado ao mergulhar em águas escuras
- nem se devia mesmo mergulhar em águas escuras
- é preciso ficar longe do ferro em brasa
- nem se devia brincar com fogo
- é preciso manter distância de cães bravos
- sentimento algum tem garantias
- sempre passa, a experiência grita isso
- enquanto não passa, eu penso que nunca vai passar
- quando passar, eu vou querer de novo

" " Dois - Tiê



quarta-feira, março 10, 2010

"se quer tamanho vou despir a alma"

Contra todas as possibilidades
Contra todas as probabilidades
Contra todas as minhas verdades
Contra todo o meu bom senso
Contra todo o meu juízo
Contra toda a minha razão
Contra tudo o que preciso
Contra tudo o que penso
Contra toda a minha religião
Mas, sim, sim, sim, sim!
E daí?


" " Laranja - Maria Gadu



terça-feira, março 09, 2010

"olhos de vidraça, fosca, embaçada"



quando o que a gente quer mesmo é arrancar a roupa, toda essa farsa, todo esse envoltório de disfarces, de dissimulações e mostrar a alma, mostrar tudo aquilo que vai por dentro, mostrar e exigir que o outro tenha olhos pra ver, tenha boca pra dizer, fala, fala, diz alguma coisa, não percebe o meu afogamento, o meu sufocamento, não percebe, não me dá a mão? Qual é a palavra ou gesto pra te mobilizar? O que me mata é a impotência, é não ter o que fazer, não ter como convencer, o que me mata é o que me salva: esse orgulho que ainda me veste, que ainda me protege.


" " Foto Polaroid - Isabella Taviani

"um certo olhar e eu piso movediço"

Senhor Dono do Tempo,

Quando passa?
Quando passará?
Eu já quero parar de me doer, eu já quero só florir, eu já quero só sorrir.
Quantos dias, Moço dos Ponteiros?
Quantas noites?


" " Um Momento - Bruna Caram

domingo, março 07, 2010

"perto de ti dança a minha alma desarmada"

Embora por fora eu esteja me contendo,
por dentro... ah, por dentro...



" " Balada de Agosto - Fagner e Zeca Baleiro



Presente Passado Isabela Taviani

"ingênua, de vestido, assusta"

(sem assunto)
De: Ana Pinho (mme.scarpin@hotmail.com)
Enviada: terça-feira, 30 de junho de 2009 1:11:05
Para: P.


Ouvindo o novo cd do Nando Reis, nem sei bem o que te dizer. Sei que sinto que há tanto amor por aí, há tantos amores por aí, há amores tão belos por aí, amores tão grandes, daqueles que a gente julga impossíveis de início e então tudo se metamorfoseia e eles se realizam, eu sei que você sabe, eu sei que você também percebe esses amores por aí, amores que fazem pessoas terem vontade de dividir o amor, fazer canção pra todo o mundo saber desse amor... Há tanta gente capaz de amar por aí... Vi de novo a cena da toureira Lídia em “Fale com ela” e de novo chorei, de novo senti: há tanto amor por aí, há tanta beleza por aí... e eu aqui, querendo regar um cacto! “explicação nenhuma isso requer”



Beijo

Ana

" " Linda Rosa - Gugu Peixoto/Luis Kiari - canta Maria Gadú

"Tempo rei, ó Tempo rei...


"o sofrimento é um sentimento iluminador"

Amigos,

Sobre 2008 não posso dizer que foi um ano fácil, não posso dizer que foi um ano leve, não posso dizer que foi um ano vazio. Tenho que dizer que foi um ano inesquecível. As taças foram cheias em todos os sentidos, do melhor licor, doce, delicioso, ao pior fel, amargo e travoso. Mas tive que tomá-las todas, não pude deixar uma gota pra ninguém, essas doses eram minhas. Felizmente o sabor doce sempre supera o amargo, e eu, enfim, tenho mel em minha boca.

Um ano de muitas dores, decepções, choro e ranger de dentes, é certo... Mas também um ano de muitas superações, muitas surpresas, boas surpresas, muitas gargalhadas verdadeiras junto a pessoas verdadeiras, muitos presentes da amizade... Um ano em que eu finalmente tive coragem de olhar pra trás, de olhar pra dentro, de olhar pra frente e, perdoar o que se foi, buscar o que é, preparar o que será. Um ano em que consegui definir quem são as pessoas que importam e me aproximar mais delas, um ano em que consegui definir quem são as pessoas que não importam, e me afastar delas, de vez.

Um ano de terapia, rally, direção, dança, escritos, congresso de zouk, Van Gogh e Modigliani, medo e coragem, desafio e vitória, despedidas e encontros. Um ano em que vi, agora de verdade, a esperança vencer o medo, as diferenças todas caírem por terra diante do mais corajoso dos sentimentos, o amor, da vontade de ser dois, e da disposição de ser feliz, e estar lá pra ver foi um dos momentos mais importantes pra alimentar a minha própria fé no que o futuro pode trazer.

Um ano em que verdadeiramente fiquei feliz em ver amigos felizes, e em que fiquei triste ao vê-los tristes. Um ano em que tive, de novo e sempre, a certeza da amizade de velhos amigos, tive, de novo e sempre, a certeza do amor e do orgulho de minhas filhas por mim. Um ano em que aprendi a ir atrás do que eu quero e vi que às vezes dá certo... às vezes, não. Mas, sem ter ido, não saberia.

Um ano em que vivi coisas transformadoras, dentro de mim...Um ano em que plantei mais jardins pra diminuir esse meu deserto, pra que fique mais ameno atravessá-lo, porque sim, é preciso atravessá-lo.
Eu quero então que o Novo Ano me encontre de braços ainda mais largos, me encontre de coração ainda mais puro e escancarado e de olhos ainda mais abertos pra enxergar toda a beleza que a vida me trará, e que eu possa fechá-los pra sentir toda a poesia dessa beleza...

Agradeço por estar me sentindo mais forte a cada dia, agradeço pelas manhãs de sol, agradeço, sobretudo pelas chuvas...
Agradeço pelos encantamentos que ousei sentir, quer tenham sido verdade ou invenção, pouco importa, fizeram brotar flores raras dentro de mim, enormes, e vale de qualquer modo, pelo perfume e pelo colorido que deixarão, ao fenecerem, se fenecerem...

Agradeço por amigos tão bonitos e verdadeiros, pelas aventuras, pelas risadas, pelos braços abertos, pelas conversas, pelas broncas, pelos puxões de orelhas, pelos olhos úmidos, agradeço, enfim todos esses gestos e mais outros que eu sei, foram determinados pela amizade.

Desejo que minha família seja uma família. Desejo que meus amigos sejam meus amigos. E que sejam felizes. Desejo que o desejo mais puro de cada um deixe de ser um sonho e se transforme em plano, ou mesmo que enfim se realize de vez, e aí vale qualquer desejo. Desejo que tenhamos sustos maravilhosos, mudanças de planos, que a vida nos surpreenda... Desejo mesmo de verdade é que todos sejam felizes.

Desejo também que tenhamos amor, que o amor se personifique e venha atravessar com a gente os nossos jardins e os nossos desertos. Pra fabricarmos, juntos, dentro de nós, oásis, cada vez mais verdes, cada vez mais vivos.
Que assim seja!
Porque assim será!

Ana

" " Tempo Rei - Gilberto Gil